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http://repositorioinstitucional.uea.edu.br//handle/riuea/1766
Title: | Diálogo musical |
Keywords: | Música;Diálogo - Análise;Música - Brasil |
Issue Date: | 16-Oct-2019 |
Publisher: | Universidade do Estado do Amazonas |
metadata.dc.description.resumo: | As pesquisas em música no Brasil têm se multiplicado nos últimos 20 a 30 anos numa velocidade notável se comparada às décadas anteriores. Cursos de graduação e pós-graduação que abrigam o estudo da música também se avolumaram. A maioria destas pesquisas se desenvolve no âmbito da pós-graduação, seja em música, ou em artes, mas ainda em letras, linguística, história, sociologia, filosofia, educação, ensino, psicologia, antropologia, geografia, comunicação e até mesmo em ciências da informação e não raramente em programas ou com objetivos interdisciplinares. Essa abrangência ocorreu mediante mudança de paradigma científico que, sobretudo no caso das Humanidades, tem se tornado cada vez mais ontológico, impulsionando assim a uma visão hermenêutica que relaciona múltiplos saberes e metodologias. Dessa forma, os estudos também passaram a promover diálogo entre áreas, subáreas, linhas de pesquisa, que antes tinham sempre alguma dificuldade, maior ou menor, em se relacionar. Até mesmo as narrativas da pesquisa passam por mudança. Concertos-conferência tornam-se cada vez mais comuns nos eventos científicos, assim como os relatos de experiência ou a narrativa epistolar, que remonta a uma recuperação do processo dialético de manuais do passado, começaram a ocupar publicações acadêmicas qualificadas apenas para ficar em poucos exemplos. Este volume reúne alguns dos temas mais explorados nestas duas décadas do século XXI. O campo da educação musical, por exemplo, passou a ver desenvolvido o tema da cognição com grande interesse e já há programas pós-graduados com linhas específicas para isso. Assim, os assuntos de percepção musical passaram de mera estratégia de sala, para uma discussão mais profunda sobre fundamentos, critérios e uma abordagem onde se vê cada vez mais presente a psicologia, a sociologia, a antropologia e, é claro, a musicologia. Três das contribuições para este livro se referem à questão da percepção e o ensino de músicas vazadas na ideia desta como uma linguagem, portanto uma construção social, processo que não pode ser visto como mera repetição de procedimentos. Isso permite entender parte desse trabalho como musicologia sistemática, na medida em que reorganiza saberes em favor da compreensão da música como ciência. A musicologia, aliás, se espalhou por muitas e novas vertentes, ou correntes, também adotando pontos de vista peculiares. A própria musicologia histórica se renovou com novos objetos e agentes de discussão. O interesse pelos estudos luso-brasileiros tem ganhado grande atenção desde que pareceu claro que ao menos por três séculos Brasil e Portugal estiveram unidos numa mesma unidade político-administrativa, compartilhando aspectos culturais diversos. Nesse caso, tanto os estudos da música – que se chama erudita – quanto aqueles devotados à que se convencionou chamar popular, passaram a interessar igualmente pesquisadores rompendo com fronteiras que não se explicam mais. Seja a atenção sobre um autor português para tecla, cuja atividade de copista disseminou a obra de muitos outros autores, como João Cordeiro da Silva, quanto a investigação de caso sobre a origem de um lundu específico, como o de Marruá, ou na verdade da Monroy, que se associam nesta tentativa de explicar melhor o que foi o contexto musical luso-brasileiro, sobretudo nos séculos XVIII e XIX, de onde ainda falta muito para que se transcreva, edite, analise e divulgue o seu legado.Tais estudos colocam a musicologia em convergência com a história cultural, promovendo interdisciplinaridade ainda mais abrangente. Os estudos de Iconografia Musical caminham neste sentido. A sua associação com a Pintura, a Escultura e as Artes Gráficas, além de remeterem a outras expressões artísticas, precisam do mesmo arcabouço das Humanidades para ganhar o lastro que lhes permita uma melhor e mais profunda compreensão. Trata-se de uma investigação que associa a construção ideológica de nacionalismo através das publicações de partituras no Brasil entre séculos XIX e XX, ou ainda da representação das práticas musicais populares como em Oscar Pereira da Silva ou Carybé, quanto a dimensão mais internacional dos assuntos com a presença significativa de pesquisadores brasileiros na antiguidade clássica ou no cinema. Esta vasta relação de assuntos que aqui muito pontualmente se esboça à guisa de exemplo, marca ainda uma década de institucionalização do RIdIM (Repertoire Internationale d’Iconographie Musicale) no Brasil. Esta importante organização, firmada internacionalmente faz algumas décadas, responde pelas iniciativas que hoje aglutinam trabalhos de grande poder associativo de conhecimentos. O que junta tudo isso é a amostra de como os assuntos musicais se espalharam nos estudos científicos, aqui envergados por pesquisadores cuja área de atuação não é necessariamente a música – e os há, claro – mas as Artes Visuais, Arquitetura, Arqueologia, História, Sociologia, Letras e Educação. O que interessa é que todos de algum modo precisam da música em seus estudos ou a tem como fim para a interpretação do mundo. As contribuições também procuraram demonstrar a grande abrangência geográfica dos pesquisadores, constando aqui trabalhos de Portugal e todas as partes do Brasil, quer do Amazonas, mas ainda Goiás, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, uma vez que estes estudiosos estão também vinculados a algumas das maiores instituições públicas brasileiras de ensino superior, onde recaem mais de 90% da pesquisa feita no país. Sem a universidade pública e a sua garantia constitucional de autonomia, não seria possível que temas aparentemente sem utilidade imediata pudessem receber a atenção de profissionais altamente qualificados em suas áreas. Nem mesmo as qualificações e os profissionais teriam vez num cenário de ausência de diversidade. Sem tais condições inclusive padeceria a democracia e o ser humano, impedido de exercer sua pluralidade e sua esperança de emancipação, sobretudo intelectual. |
Abstract: | Music research in Brazil has multiplied over the past 20 to 30 years at a remarkable rate compared to previous decades. Undergraduate and postgraduate courses that house the study of music have also grown. Most of this research is done in the field of postgraduate studies, whether in music or the arts, but still in letters, linguistics, history, sociology, philosophy, education, teaching, psychology, anthropology, geography, communication, and even science. not infrequently in programs or with interdisciplinary objectives. This comprehensiveness occurred through a change of scientific paradigm that, especially in the case of the Humanities, has become increasingly ontological, thus propelling a hermeneutic view that relates multiple knowledge and methodologies. Thus, the studies also began to promote dialogue between areas, subareas, lines of research, which previously had some difficulty, more or less, in relating. Even the research narratives undergo change. Conference concerts are becoming more and more common in scientific events, as experience reports or the epistolary narrative, which goes back to a recovery from the dialectical process of past manuals, began to occupy qualified scholarly publications just to be a few examples. . This volume brings together some of the most explored themes in these two decades of the 21st century. The field of music education, for example, has now developed the subject of cognition with great interest, and there are already graduate programs with specific lines for it. Thus, the subjects of musical perception went from mere room strategy, to a deeper discussion about fundamentals, criteria and an approach where psychology, sociology, anthropology and, of course, musicology are increasingly present. Three of the contributions to this book refer to the issue of perception and the teaching of leaked songs in the idea of language as a language, thus a social construction, a process that cannot be seen as mere repetition of procedures. This allows us to understand part of this work as systematic musicology, as it reorganizes knowledge in favor of understanding music as science. Musicology, by the way, has spread to many new strands, or currents, also adopting peculiar points of view. Historical musicology itself has renewed itself with new objects and agents of discussion. Interest in Portuguese-Brazilian studies has gained wide attention since it seemed clear that for at least three centuries Brazil and Portugal were united in the same political-administrative unit, sharing different cultural aspects. In this case, both the studies of music - which is called classical - as well as those devoted to what is conventionally called popular, have also interested researchers breaking with boundaries that are no longer explained. Be it the attention of a Portuguese author for a key whose copyist activity disseminated the work of many other authors, such as João Cordeiro da Silva, regarding the case investigation on the origin of a specific lundu, such as Marruá's, or indeed Monroy, who are involved in this attempt to better explain what the Luso-Brazilian musical context was, especially in the eighteenth and nineteenth centuries, where much remains to be transcribed, edited, analyzed and publicized its legacy Such studies place musicology in convergence with cultural history, promoting even broader interdisciplinarity. The studies of Musical Iconography go in this direction. Their association with Painting, Sculpture and the Graphic Arts, as well as referring to other artistic expressions, need the same framework as the Humanities to gain the ballast that allows them a better and deeper understanding. It is an investigation that associates the ideological construction of nationalism through the publication of sheet music in Brazil between the 19th and 20th centuries, or the representation of popular musical practices such as Oscar Pereira da Silva or Carybé, regarding the more international dimension of the subjects. with the significant presence of Brazilian researchers in classical antiquity or in the cinema. This vast list of subjects that are very punctuated here by way of example, still marks a decade of institutionalization of the RIdIM (Repertoire Internationale d'Iconographie Musicale) in Brazil. This important organization, established internationally a few decades ago, is responsible for the initiatives that today bring together works of great associative power of knowledge. What brings it all together is a sample of how musical issues spread in scientific studies, here biased by researchers whose field of expertise is not necessarily music - and there are, of course - but the Visual Arts, Architecture, Archeology, History, Sociology, Letters and Education. What matters is that everyone somehow needs music in their studies or has it for the interpretation of the world. The contributions also sought to demonstrate the great geographical scope of the researchers, including works from Portugal and all parts of Brazil, from Amazonas, but also Goiás, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, since these scholars are also linked some of the largest Brazilian public higher education institutions, where more than 90% of the research done in the country falls. Without the public university and its constitutional guarantee of autonomy, it would not have been possible for seemingly useless subjects to receive the attention of highly qualified professionals in their fields. Not even qualifications and professionals would ever find themselves in a scenario of lack of diversity. Without such conditions even democracy and human beings would suffer, prevented from exercising their plurality and their hope of emancipation, especially intellectual |
URI: | http://repositorioinstitucional.uea.edu.br//handle/riuea/1766 |
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